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"Dilema de Lua"

"SUA VALENTIA DESENFREADA AINDA IRÁ TE COLOCAR EM UMA GRANDE enrascada, Jaci”. Enquanto pensativa e atenta, os esticados olhos negros de Jaci estudavam o ocaso, nervosos.

​

— Ora papai, chega! — Praguejou ao lembrar-se de tais palavras, enquanto prosseguia cada vez mais floresta adentro.

 

A sorridente Crescente apontava em um céu semicoberto e alaranjado, quando a jovem curumim percebeu que não fazia mais ideia de onde estava. Nunca ousara penetrar tanto naquela região mais fechada da mata. Concentrada, porém insegura, cada poro de sua pele marrom fazia questão de lembrá-la de que não deveria estar ali; Contudo, a sede irrefreável por desafios, além do valente coração recheado de insensatez, agira como o mais puro combustível que, de maneira ou outra, acabava guiando a índia às situações mais singulares e perigosas. No entanto, mal sabia Jaci que tal noite acabaria por se tornar o marco do que talvez houvesse sido seu maior pesadelo.

 

— Burra! — Lamentou consigo mesma ao reconhecer os limites que foram, há muito, proibidos à sua tribo. — Como não vi?

 

Porém já era demasiado tarde.

 

Não devia ter acreditado naquela história. A jovem curumim voltou a resmungar, com os próprios botões, ao mesmo tempo em que, mais nervosa, retirava os fios cor de prata – mesmos que a renderam o nome; Homenagem à Lua Nova – que insistiam em cobrir o olho esquerdo do rosto pardo; E então o barulho…

 

O ronronar estranho provocou o calafrio que escorregou pela espinha e fez os pés tortos e descalços de Jaci tremer. Com o coração na garganta, a índia apertou firme a lança que trazia na mão direita. Mantendo a cautela, perscrutou ao redor, mas não conseguia compreender de onde o tal intrigante som viera: misto de rosnado e ronronar que ululava de várias direções. Oscilante, arriscou um passo, rezando a Tupã que não fosse uma onça ou, pior, um deles…

 

Outro barulho.

 

Mas logo voltou a soltar a respiração ao compreender que se tratava apenas do crepitante ruído do graveto se partindo sob tal movimento ousado. Porém fez com que a lança silvasse veloz na sequência, após o chacoalhar do arbusto defronte. E, por nove segundos inteiros, a floresta se calou ao redor da jovem Jaci como se o silêncio que beijara o lugar houvesse tido poupado somente as batidas do músculo vital ainda pulsante na goela da curumim.

Em seguida, veio o resmungo de dor devolvendo as vozes à mata:

 

— Aau!

 

— Q-quem é? — Ela gaguejou já com os punhos cerrados pelo instinto.

 

E a figura mirrada e desengonçada doutro indiozinho surgiu, pressionando o ombro esquerdo.

 

— Irmã, sua louca-da-cuca!

 

— Rudá?

 

— Tau seja maldito! Você me atacou?! — O alto e descabelado curumim, apenas alguns anos mais novo do que Jaci, rebateu com um olhar em brasa.

 

— Seu cabeça-de-mico! Devia ter acertado essa sua cabecinha.

 

— Ora vamos… Foi só uma travessura — o índio rebateu, abaixando no arbusto para recolher a lança que o feriu de raspão.

 

— Travessura? — Furiosa, a irmã mais velha revidou.

 

— Já pode sair daí, Teçá — Rudá ordenou, colocando as mãos em concha frente à boca de lábios grossos e avermelhados.

 

Outro indiozinho magro surgiu após saltar de uma árvore atrás de Jaci. Teçá era o irmão sem tirar nem por. Os mesmos lábios carnudos, compleição franzina – apesar de serem mais altos que a irmã mais velha – e olhos traquinos tão amendoados quanto os de Jaci; Gêmeos idênticos.

​

— Tinha que ver sua cara pálida, irmã, háh! — Teçá gargalhou.

​

— Pálida vai ficar a bunda escura suas, quando eu… Ah, não, volta aqui!

 

Mas Rudá e Teçá correram sem pensar duas vezes, levando a lança de Jaci. A jovem índia então se pôs atrás dos irmãos, esquivando-se habilmente das árvores e deixando seus pés nus a guiarem com uma agilidade quase felina. Enquanto esgueirava-se pela mata atrás dos pirralhos, furiosa e deixando o coração a guiar como sempre, ela mal se lembrava, agora, de sua ousada transgressão; Mal se dera conta do risco que passara a correr juntamente com os irmãos. Ao mesmo tempo, Jaci mal se importara também com a noite que caía ao seu redor como uma manta umbrosa e traiçoeira; Com os sons da floresta que iam mudando, e com a Grande Risada acima que exalava cada vez menos o brilho lunar. A mata começava a se tornar mais densa; árvores cada vez mais próximas uma das outras; nuvens cada vez mais cinzas – minhocando acima –, e o ar cada vez mais asfixiante… Até que a ágil indiazinha começou a diminuir a velocidade ao notar que perdera os gêmeos de vista.

 

O silêncio bebeu da floresta uma segunda vez. Desta, fora como se ele houvesse penetrado em cada fresta dos troncos das árvores, em cada ramificação no solo coberto por folhas, em cada ser vivo que poderia estar espreitando a curumim de algum lugar daquela parte de mata umbrosa e troncos retorcidos que a índia jamais havia visitado. Tal região que mal parecia fazer parte dos familiares territórios de sua tribo. Um matagal aparentemente hostil, assustador e completamente escuro; Não havia mais o sorriso lunar. E, tão repentinamente quanto à chegada do segundo silêncio, Jaci lembrou-se de uma terrível lenda contada outrora pelo Pajé de seu povo.

 

Quando Tau se apaixonou por uma princesa da tribo dos Guarani – a bela Kerena – o espírito do mal tomou a forma humana e a raptou. Após amaldiçoá-la, juntos tiveram sete filhos, todos esses monstros – quimeras cujos corpos eram uma mistura de vários animais. Como punição, Tau teve a alma aprisionada por Angatupyry – o seu antagonista – em uma floresta obscura localizada em um Plano além do terreno. Entretanto, de alguma maneira, a entidade conseguia escapar de tempos em tempos e retornar ao Plano físico para visitar suas crias e realizar, a cada visita, um desejo de cada uma das quimeras. Durante essas visitas, a membrana espiritual que liga ambos os Planos se mistura permitindo que a tão obscura prisão de Tau coexista com uma floresta qualquer do mundo físico.  

 

Assustada, Jaci passou a perceber que aquela parte da floresta possuía as mesmas características da prisão de Tau. A curumim resolveu prosseguir, mesmo assim, e sair dali o quanto antes. Não deveria ter se deixado levar pela história dos irmãos mais novos e ido atrás do tal curupira que os meninos disseram terem ouvido falar existir naquela floresta conhecida como Mataumbra. Mesma floresta aonde viviam os maiores inimigos de sua tribo. Aqueles que Jaci temia mais do que qualquer lenda, pois estes sim ela tinha certeza serem reais – de carne e osso. Foi somente ali, naquele momento, que a jovem índia percebera a noção do perigo na qual havia se envolvido. Sobretudo, colocara não apenas a própria vida em jogo, mas também a dos irmãos mais novos. “Sua valentia desenfreada ainda irá te colocar em uma grande enrascada, Jaci”. Voltaram a lhe atormentar, as palavras de seu falecido pai. 

 

— Aaaah!

 

E o grito rompeu o estranho silêncio trazendo Jaci de volta a sua perigosa realidade.

 

— Rudá? Teçá?!

 

— Irmã!

 

E, a desesperadora resposta em uníssono dos gêmeos foi o suficiente para fazer Jaci voltar a costurar as árvores retorcidas, como se fosse uma jaguatirica. A índia correu tão veloz que temia pela traição das próprias pernas. Tão rápida que não conseguiu acompanhar os pés, ocultos nas sombras quase vivas da floresta, que a perseguia. Tão depressa que não era capaz de perceber as tais sombras espiralando e dançando ao redor… Correu, correu e correu até alcançar uma vasta clareira beijada por fachos de luz da lua sorridente e perturbada por vestígios do que todos de sua tribo mais temiam.

 

As caveiras começavam logo na entrada da clareira, e seguiam contornando toda extensão da calvície natural na mata. Na base dos crânios de todos os tamanhos jaziam símbolos. Esses que fizera as entranhas de Jaci revirar. Em seguida, uma dor aguda chicoteou o meio exato da testa da jovem curumim, que caiu de joelhos e colocou para fora tudo o que ela havia comido mais cedo. Um suor frio começou a minar da pele achocolatada dela, quando o real pavor se manifestou tão impiedoso quanto um raio. E foi ao voltar a enxergar – finalmente – que Jaci pôde compreender de quem eram os dois corpos imóveis no centro da clareira…

 

Surpreendida, a curumim sentiu a ponta gélida de uma lança nas costas.

 

— Ora, ora, ora… — uma voz rouca e ao mesmo tempo grave soara demasiadamente próxima aos ouvidos da índia. — Então és aquela que chamam de Luazinha. Háh, irônico. — Desdenhou um homem de compleição musculosa que desgarrou das sombras da mata para ganhar o interior da clareira. Seus braços eram como troncos jovens de árvores. Trajava vestes feitas de couro batido e palha, e no peito trazia um medalhão de madeira com o mesmo símbolo que fez Jaci tremer ao fitá-lo nas caveiras.

 

— Corre! Rápido! — Foi tudo o que ela conseguiu berrar aos irmãos.

 

— Acha mesmo que estou sozinho, curumim? — O grandalhão de voz rouca quis saber, enquanto, de soslaio, via os índios franzinos fugirem aterrorizados ao ouvirem a súplica da irmã.

 

— E-eu… Não temo a ti!

 

— Háh, mas não é o que teus olhos dizem, Pequena-Lua — ele gargalhou vilmente.

 

— Nós só… só… e-estamos perdidos. Por favor! — Jaci implorou.

 

— Conhece as regras, garotinha.

 

E foi nesse momento que, apesar da bravura desenfreada proclamada pelo pai, a jovem curumim soubera que estava, enfim, naquela grande enrascada que seu genitor havia outrora profetizado. Num só movimento, o homem arremessou longe a frágil Jaci, com um murro potente. Quando a costa dela beijou violentamente o chão da clareira, um filete de sangue escapou junto ao grito de dor da índia. Jaci encolheu-se em posição fetal e abraçou os joelhos. Aquele era o verdadeiro pavor. O vil pesadelo que nenhum guarani gostaria de enfrentar. Sobretudo, a devastadora consequência por ter quebrado um pacto antigo e sagrado para o seu povo somente naquele instante viera à tona, como se a grande lança de metal daquele ser medonho a frente houvesse despedaçado o destemido coração insensato da jovem curumim. E ela agora estava à beira de descobrir o quão cruéis seriam as opções que a sua inconsequente escolha haveria de lhe fazer pagar.  

 

O uivo mais assustador cortou a escuridão e, por um segundo, causou em Jaci um medo tão profundo que fizera a índia duvidar da capacidade de seu coração continuar batendo em seguida. Ela então encarou o desenho no medalhão mais uma vez: os três riscos vermelhos que lembravam um rasgo feito por garras poderosas. Jaci não conseguia mais se mexer. Seus olhos escuros então subiram em direção ao rosto hirsuto e grosseiro do inimigo, que preservava seu sorriso mais malicioso.

 

— As regras foram claras… — ele começou cuspindo literalmente suas palavras, controlando uma espécie de salivação em excesso. — O pacto jamais deve ser quebrado, caso contrário… Apenas haverá um jeito de contornar a situação…

 

E a curumim presenciou a encarnação do horror, como se um de seus maiores pesadelos agora estivesse ganhando vida e forma, bem diante de seus escuros olhinhos amendoados. Abismada demais para mexer um músculo sequer, Jaci ficou ali, encarando cada segundo daquela cena bizarra que somente ouvira falar nas histórias que morriam juntamente com as almas das fogueiras de sua tribo nas manhãs que se seguiam. A jovem índia, mesmo sabendo que os maiores inimigos de seu povo eram reais, jamais, em todas as suas quase doze primaveras, achou que iria presenciar aquela aberração da natureza de uma distancia tão ameaçadora. O efeito que a carne criava ao se rasgar era nauseante e, em segundos, toda a pele escura do sujeito desgarrou de seu corpanzil, fazendo músculos se expor e incharem para logo em seguida brotar da carne viva pelos grossos. Estes que, numa velocidade absurda, começaram a cobrir o homem formando uma pelagem acobreada e intensa. Os músculos iam retesando e inchando, retesando e inchando… Os calcanhares se dobravam em um ângulo perturbador, como os de um cão, e se tornavam finos, porém flexíveis. Garras rasgavam a ponta de seus dedos; Enormes e avermelhadas. O peito do inimigo inflava e retesava, alargando-se cada vez mais. Os pelos continuavam a crescer em abundância e, repentinamente, um focinho largo rompeu o lugar onde existia o nariz, alongando-se e moldando à face do estranho até deixá-lo com uma aparência lupina, de orelhas pontudas e dentes salivantes tão demasiadamente afiados quanto às garras de sangue da criatura lobo-homem. Imponente e doloroso, um segundo lamento em forma de uivo então selou a mutação. O lobisomem encarou Jaci com seus olhos de fúria, tingidos por um escarlate que até mesmo bebera de suas escleras, mas antes que sua bocarra pudesse se mover para proferir qualquer outro som, o zunido da lança dançou no ouvido esquerdo da índia e foi atingir o ombro direito do membro dos piores inimigos dos Guaranis: os Garras Vermelhas.  

 

— Corre irmã!

 

Foram as palavras que Jaci ouviu ao se virar e presenciar Rudá e Teçá as suas costas. Os dois também pareciam ter acabado de sair de uma espécie de transe, tal como a curumim mais velha. Logo, não sabendo como as pernas voltaram a ganhar forças, Jaci colocou-se a correr com a graça felina de sempre, enquanto o lobisomem se contorcia para tentar se livrar da lança que o mordera.

 

— Vamos morrer! — Teçá gritou quando a irmã os alcançou.

 

— Apenas corre!

 

E assim eles o fizeram, mesmo sabendo que não adiantaria por muito tempo.

 

O pacto havia sido feito há muito, quando os Garras Vermelhas chegaram naquelas terras numa noite sem luar. Os Guaranis sabiam que era expressamente proibido cruzar os limites de Mataumbra. Caso contrário, provocariam a cólera dos lobisomens, e somente um sacrifício humano apaziguaria a fúria animalesca e a sede por carne e sangue daquela cruel espécie de homens lupinos. Tal sacrifício ficara muito claro: dois humanos, crianças com exatos nove anos e masculinas, caso contrário o massacre impiedoso de toda a tribo. Eles nunca entenderam o motivo de tais exigências, nem muito menos o fato de deixarem bem especificado a obrigatoriedade quanto à idade das vítimas. Chegaram a dizer que, faziam até questão de esperarem os escolhidos atingirem tal idade se fosse necessário para que…

Então Jaci gelou ainda mais, como se pudesse ser possível àquela altura.

 

Rudá e Teçá possuíam exatos nove anos, cada. Apenas eles e ninguém mais da tribo.

Quando o terceiro uivo alcançou o trio de curumins, Jaci quase que se contentou com o fim da perseguição. Não havia escapatória. Ou seus irmãos seriam sacrificados ou toda a tribo pereceria para os Garras Vermelhas.

 

Mas foi quando a esperança estava a ponto de se perder naquela escuridão que aconteceu.

O primeiro contato com o estranho animal foi feito por Rudá, que parou bruscamente ao fitar o ser metade javali metade cabra. Teçá o avistou em seguida, mas foi Jaci que se impressionou mais.

 

— Tau seja maldito! O que é isso? — A jovem curumim deixou escapar, assustada e curiosa.

 

— Se querem viver, sigam-me! — Inesperadamente, a exótica criatura respondeu, dando meia

volta e trotando veloz entre às árvores retorcidas.

 

Sem tempo para pensar naquilo que haviam acabado de presenciar, e encorajados pelos uivos do lobisomem que se aproximava cada vez mais, os três curumins voltaram a correr, desta vez, deixando-se guiarem pela cabra-javali.

 

 

* * *

 

A boca da caverna era larga, porém as enormes estalactites e estalagmites, que mais lembravam dentes afiados, faziam a abertura parecer menor.  Jaci tinha certeza de que não havia corrido muito tempo, mas de alguma maneira parecia terem levado algum bom tempo até alcançarem o local. Não ouviam mais os uivos calafrientos do homem-lobo. Na verdade eles não ouviam quase mais nada. O mesmo silêncio estranho e ímpar, que outrora havia sido degustado por Jaci, retornara, apossando-se de cada fresta, de cada tronco retorcido, de cada sombra que abraçava as trevas daquela estranha mata. E a silhueta da criatura desconhecida desapareceu uma vez engolida pela desconfortável gruta.

 

Quando adentraram na caverna, Jaci e os irmãos sentiram um ar gelado lhes mordiscar a pele. O odor pútrido de animais mortos era o natural do ambiente, misturado ao característico sabor do bolor forte além de do corriqueiro estrume de morcego. Ali dentro, a escuridão era quase palpável, mas de quando em quando a silhueta exótica do animal meio-cabra meio-javali dobrava algum dos inúmeros caminhos da gruta que parecia ter sido escavada por um verme inimaginavelmente colossal. O bizarro animal prosseguia, balançando a cauda curta e fazendo suas patas mescladas trotarem sutilmente, provocando um eco quase hipnotizante…

 

Logo, uma fraca luz bruxuleou adiante.

 

O halo azulado do fogo era literalmente o formato da alma daquela estranha fogueira que clareava a câmara que se abriu ao final de mais um caminho de minhoca. Não havia lenha ou qualquer pedaço de madeira alimentando as chamas, mas sim apenas uma única língua-de-fogo, chamejante e amarelo-azulada, que crispava e lambia a escuridão ao redor. O espécime raro havia parado bem ao lado do que parecia ser um homem, de cócoras e de costa para os jovens curumins; Mexendo no fogo azul como se estivesse o alimentando. Ao sentir a presença dos índios, o sujeito se levantou com dificuldade, tão sutil e arduamente quanto um idoso, e deixou uma voz arrastada e ao mesmo tempo sedutora soar pela caverna:

 

— Bom trabalho, filho — gemeu, pousando uma mão esquelética na cabeça da cabra-javali.

O coração de Jaci saltou pela boca.

 

— Q-quem é…

 

— Creio que soubestes a resposta, Jaci — o estranho continuou, sem deixar que a jovem curumim prosseguisse com sua indagação. — A questão agora é… — e então ele se virou, revelando olhos tão negros e escovados como os de uma cabra. Olhos que fizeram Rudá e Teçá caírem de joelhos, implorando piedade a Tupã; O sangue de Jaci congelar nas veias pulsantes. — Até aonde tu deixarias o coração te guiar, bela lua, para salvar teus irmãos e tua tribo? — Tais palavras soaram como um impiedoso chicote, atingindo a índia ao mesmo tempo em que um sorriso de prazer e de malícia brincava nos lábios enormes da cabra-javali. 

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